quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Os insetoides

Chegou... OS INSETOIDES!



       
Um conto que vai mexer com o seu psicológico.
Quem se importaria com o sumiço de uma cigarrinha? Quem?
Certamente, ninguém, desde que, é claro, a cigarra em questão não fosse Martyn, a “cigarra pigarra”.
A mãe natureza havia adoecido e sofria os miasmas do inclemente aquecimento Global cujos efeitos havia se tornado catastrófico tanto para a vida animal quanto vegetal. O colapso veio em proporções universais e não fosse a união de Martyn e o clã dos Insetoides, tais efeitos tornar-se-iam, ao menos para Insetolândia, irreversíveis. Para complicar as coisas Thyranus a libélula malvada e seus lacaios, os cabeçoides, haviam expulsado os habitantes de Flortópolis, o mais frondoso bairro de Insetolândia forçando-os as viverem no profundo das galerias subterrâneas.
Privados de sol, e com o rio Toró secando lhes restou duas opções, se entregar e morrer ou morrer lutando.
Martyn desejava mudar as posturas, os comportamentos, os valores deturpados e os paradigmas existentes em seu mundo. Martyn queria fazer história. “Serei a história” pregava a si mesmo.
A primavera logo daria lugar ao verão. Todos os machos de sua estirpe já estavam afinados para o canto nupcial e, Martyn, quem diria, não sabia sequer cantar ou voar.
De que modo ele ganharia a atenção de Gadara, o arroubo de sua juventude?
Cansado de tanto destrato, onde cada palavra ou frase sua era mudada para dar sentido ambíguo, resolveu trabalhar em prol do próprio quinhão. Dotado de um intelecto presumidamente superior decidiu empreender uma longa jornada a que chamou: “A jornada para a liberdade”.
Em meio as desventuras da vida vagante, Martyn estava disposto a realizar o impossível para receber a decorosa alcunha de Herói e libertador de sua gente.
No palco da existência teria de interpretar a mais eloquente de todas as representações, o enredo da própria história. Não havia tempo para repassar cada cena, rever diálogos. Cada ato deveria seguir seu próprio script, em tempo real e na base do improviso. Mas a glória da vitória, o reconhecimento em superar os obstáculos e os transformar em oportunidades, pode escapar por entre os dedos de quem faz da vida, eterna competição. Felizmente, a cigarra pigarra não era cheia de rancor, maldizente e de pouca visão. Outrossim, era o oposto.
Mas será ele capaz de superar a astúcia dos Cabecoides?

Tudo o que desejava era simplesmente ser amado, respeitado por todos na floresta e reconhecido como a Cigarra que não aprendeu na vida a cantar ou voar, mas que ensinou a todos o encanto da vida!

Pedidos: shiadandi@gmail.com 

Editora Illuminare